Foi-se o tempo em que pensar que a função do médico anestesiologista ou anestesista, como é comumente chamado, era atuar visando deixar os pacientes durante um procedimento cirúrgico em um estado de total ausência de dor, sensação de bem-estar, relaxamento e conforto. Agora a atividade desses especialistas vai além: o médico anestesiologista atua também no alívio da dor de pacientes, sejam elas crônicas ou agudas.
Seguindo a tendência, o Instituto de Oncologia do Paraná - IOP, incorporou a especialidade – anestesiologia – em seu corpo clínico e passa a contar com profissionais da área. De acordo com a Organização Mundial da Saúde – OMS, 66% dos pacientes com tumores em estágios avançados sofrem com dores com nível de moderado a intenso. O anestesiologista Ricardo Augusto Bergold, um dos médicos da especialidade no IOP, informa que o alívio da dor é proporcionado por medicação, porém em casos mais agudos, por intervenções mais invasivas.
“A abordagem adequada da dor durante o tratamento do câncer proporciona melhora significativa na qualidade de vida. O acompanhamento deve ser feito desde o início do tratamento, evitando que o organismo fique sensibilizado e sofra alterações hormonais mais intensas”, aponta o médico.
Maconha medicinal
Muito se tem discutido sobre a proibição/liberação e o uso da maconha medicinal. O canabidiol é uma substância extraída da maconha (cannabis sativa) usado para o alívio da dor oncológico bem como de outras doenças crônicas, como esclerose múltipla, mal de Parkinson, epilepsia, entre outras. A OMS aponta que o canabidiol pode ser indicado também para o tratamento da ansiedade, além de ser um potente medicamento anti-inflamatório e ter propriedades antitumorais. Os canabinoides, tetrahidrocanabinol (THC) e canabidiol (CBD) apresentam efeitos terapêuticos para o manejo de vários sintomas associados ao câncer, como dor, náusea, vômito e caquexia.
“Os derivados da cannabis passaram a ser uma alternativa no tratamento da dor refratária. O corpo humano dispõe do chamado Sistema Endocanabinoide. Dessa forma, é preparado para receber e interagir com a medicação. A partir deste conceito, quando necessário, o objetivo é aliviar a dor e efeitos colaterais através da associação do canabidiol e o THC com outras classes de fármacos.
Tecnologia para o controle da dor
Para ajudar no controle da dor, podem ser utilizados implantes de dispositivos neuroestimuladores modulares e bombas de infusão de medicamentos que podem ser regulados através da pele. Esses procedimentos podem ser realizados no ambulatório, com sedação.
De acordo com Dr. Ricardo Augusto Bergold, “Nos casos mais difíceis é necessário ir adiante para a obtenção do controle adequado da dor. Após avaliação clínica minuciosa, em casos especiais, dispomos da instalação de dispositivos para administração continua de medicações. O ajuste é personalizado e a regulagem realizada com tecnologia bluetooth. É fundamental entender que a dor mobiliza uma série de sistemas no organismo, gerando diversas consequências deletérias no curto, médio e longo prazos. Por isso, vale a pena tratar de forma adequada. Sempre é possível melhorar”, destaca.
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